~ Vim postar um texto bonitinho e bem 'tudo a ver':
"De noite, em sonhos, eu saio com os lobos. Nós corremos pelas colinas respirando o ar puro da noite, com bramidos curtos que rasgam o silêncio como os ares que sai de nossos pulmões em haustos também curtos como as pontas das patas que tocam a relva como folhas de outono que deslizam na mata. De noite, em sonhos, eu procuro a matilha, os meus, o povo da floresta, o povo do passado, o povo que já foi e continua sendo eternamente, o povo que caça e corre, e segue, e geme, e dá à luz entre os riachos cheios da neblina no nascer dos primeiros raios de sol. De noite, em sonhos, eu me apavoro com minha solidão e busco o calor dos outros, o cheiro dos outros, o suor dos outros. E nós corremos como nunca, sempre em frente, mas sempre para trás, porque não existe outra solução, nenhuma outra alternativa, porque corremos para nos encontrar, para nos reaver, para nos reconhecer, para nos abrir. Corremos para não enlouquecer. Eu corro em sonhos para não enlouquecer. E acordo todos os dias cansada. Como se tivesse corrido a noite inteira.”
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