Um dia eu li que o bom poeta não somente passa ao mundo o que sente,mas também passa ao mundo o que sente quando não consegue passar ao mundo o que sente. Tudo bem que é relativa essa questão de escrever bem ou não, porém depois que li este citado desisti.
Queria ainda um dia conseguir passar ao mundo a minha percepção através de versos, porém além de tudo percebi que há tantos e tantos versos, que todos possíveis já foram escritos e as palavras já foram usadas em ordens previsíveis ou não.
O fato é que sou mais uma profeta do óbvio ainda não adorada que pretendia escrever para viver.
Porém o escrever significa que houve uma percepção dos momentos, e quando isso acontece, acontece também uma auto analise, uma forma de não estar propriamente nos momentos e apenas olhá-los de fora da própria história.
Então decidi ser parte das minhas histórias, como nunca fiz, deixando o cargo de observadora para alguém que ainda acredita que não pode alterar os fatos e faze-los diferentes, para quem ainda acredita que própria vida é emprestada e não tão própria assim, completamente tão determinista e destinada.
Não mais, para mim, não mais. E quanto menos pósto com auto piedade, mais me sinto dona da história da minha vida.
Sabe quando acordamos para o mundo, assim, quando levamos aquele tombo em relação a qualquer verdade absoluta que acreditávamos ? Então, agora me sinto num momento desses, tão ruim, tão gostoso! Simplesmente sem nenhuma armadura psíquica, apenas transcendendo o que há aqui dentro, sem nenhuma censura, conhecendo a minha própria essência, aflita e sem segurança, porém consciente de que necessito saber quem existe dentro deste corpo que cá escreve lotado de estéticas pré-aceitas na sociedade, que não mais me fazem sentido.
Até um pouco eufórica, confesso, ainda estou escrevendo mais um fruto que nasceu a partir das minhas crises existências. E até o momento me parece ser os melhores dos frutos que já houveram, porque me sinto plenamente livre, livre das regras arbitrárias e artificiais que a sociedade impõe.
Atualmente eu não trocaria esta (in)segurança por nada.